sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Batman Begins



O pôster da produção

Imagem: http://www.cryptomundo.com/wp-content/uploads/batman_begins.jpg

Bruce Wayne Begins poderia ser outro título do novo filme do Homem-Morcego. Por que? Porque o alter ego do Batman finalmente começa a aparecer nos filmes do herói. Antes ele aparecia por obrigação ou para mostrar o rosto do ator que o interpretava. Apenas agora são revelados os motivos que levaram um milionário, que tinha tudo para curtir a vida até o fim dos seus dias, a gastar seu tempo combatendo o crime e literalmente varrendo sua cidade da corrupção e injustiça. Apenas esses dois aspectos seriam suficientes para creditar esse filme como o melhor de todos. Mas Batman Begins é muito mais que isso.

Aliás, dizer que Batman Begins é melhor que os filmes anteriores do morcegão é uma tremenda ofensa. Um filme bom tem a obrigação de ser superior as bat-tranqueiras e batcartões de créditos que nos ofereceram no passado. Um filme bom. Mas Begins é ótimo e como tal garante entretenimento inteligente mostrando respeito pelo espectador.

Como todo filme deveria ser – adaptação de histórias em quadrinhos ou não -, Begins segue uma fórmula que não possui segredos, mas é pouquíssimo utilizada: una bons atores a um diretor visionário e um roteiro decente. Com esses ingredientes é dificílimo errar.

Os bons atores estão em todos os cantos do elenco estelar. Christian Bale interpreta múltiplos papéis: o Batman, o Bruce Wayne fanfarrão, o verdadeiro Bruce Wayne e as variações desses personagens que se entrelaçam. Afinal de contas, todas são apenas um. Michael Caine dá vida a um Alfred Pennyworth que existia apenas nos quadrinhos até então. Os sorrisos e olhares do mordomo inglês dizem mais do que discursos inteiros, mas quando o bom velhinho abre a boca torna-se ainda responsável pelas melhores passagens cômicas do longa. A cena em que Alfred resgata o herói após sua primeira grande derrota e dirige com os olhos prestes a derramar lágrimas é singela.

As boas atuações estão em todos os lugares, por isso é perda de tempo ir muito longe com isso. Mas vão desde o vilão até o rapaz que interpreta Bruce Wayne quando criança.

O visionário diretor escolhido foi o genial Christopher Nolan que buscou contar a história de um ponto de vista extremamente realista para uma adaptação dos quadrinhos. Até as acrobacias do Batmóvel possuem explicação. E, acredite, funcionam. Mas nada disso seria suficiente sem um roteiro inteligente com reviravoltas interessantíssimas. Por isso, Nolan buscou o apoio do roteirista David Goyer, que compensa o diretor no que diz respeito a familiaridade com os personagens das histórias em quadrinhos.



O novo "batmóvel" é um tanque de guerra!

Imagem: http://www.icicom.up.pt/blog/pipoca/arquivos/batcar1.jpg

Desta forma, vemos na telona, com fidelidade total e as adaptações necessárias (algumas tão boas que deveriam ser incorporadas às histórias do personagem nos quadrinhos), um jovem milionário que presenciou o assassinato dos próprios pais. E que, a duras penas, saiu de seu mundo perfeito para aprender sobre o mundo a seu redor, o sistema decadente que gera criminosos todos os dias com o intuito de encontrar uma maneira de lutar contra a injustiça. A jornada é longa e tortuosa, mas Wayne descobrirá como usar o medo – no caso, o seu próprio temor de morcegos – contra aqueles que instigam o medo no coração dos inocentes.

Quando Batman surge na tela, aparecendo e desaparecendo nas sombras, usando seus apetrechos tecnológicos – o mais fantástico deles, o carro que ganha status de personagem – e as técnicas de combate que aprendeu, temos um filme forte, denso e violento na medida certa.

Alguns excessos existem. O filme não é perfeito. Bale falando na “voz do Batman” parece ridículo a primeira vista, mas justificável no contexto da história. Se Rachel Dawes (Katie Holmes) não ajuda, também não atrapalha. E o diferencial do filme está em sua primeira metade que não mostra capas e heróis e na narrativa entrecortada que vai e volta no tempo, mas em sua segunda metade é um filme de herói como outros. Melhor, mas semelhante.

Nesse ponto, percebemos como é fácil cair na armadilha de fazer e vender algo idiota e cair na babaquice do passado. Nolan, além do seu trabalho como diretor, tinha outra dificuldade: fazer um filme com o herói de Gotham City quando ainda está na cabeça das pessoas o fiasco, a bomba, o pesadelo Batman & Robin, de 1997. E ele conseguiu.

Mas não deixa de passar pela minha cabeça que um outro filme como esse não existirá mais. Ainda mais com as declarações do Goyer do tipo, “nunca mais teremos outra história de origem”. Fica a torcida para que, se continuarem com a cinessérie, mantenham o nível de realismo e suspense desse longa para gerar aventuras igualmente inovadoras protagonizadas pelo Cavaleiro das Trevas.

Texto originalmente publicado no site Raciocínio Rápido.

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