segunda-feira, 2 de maio de 2011

Thor


Pôster da produção
Quando é anunciado um novo filme baseado em histórias em quadrinhos, quem gosta da obra original fica apreensivo e ansioso para ver o resultado da empreitada. Mas, ao mesmo tempo, nos tornamos receosos por descobrir algo mal feito. Seja por um roteiro raso ou por uma adaptação errônea que não dê aquela seriedade que determinados personagens e temáticas exigem. Isso é ainda mais cruel quando se trata da temática de super-heróis (que facilmente podem cair no ridículo). Esse era o grande temor dos fãs de Thor. Diferentemente do Homem de Ferro ou do Hulk que possuem suas peripécias justificadas pela ciência. Aqui temos um deus do trovão que vive em um universo paralelo e integra uma mitologia toda fundamentada na magia. Fico contente por estar aqui para registrar que essa adaptação foi produzida de forma muito competente.

Sem dúvida, o principal mérito da produção é ter na direção Kenneth Branagh. O diretor, famoso por suas adaptações de Shakespeare, não se limita a narrar uma história de super-heróis. Ele disserta sobre as intrigas de uma realeza mítica. Realeza esta formada por personagens tão poderosos que a simples revelação de sua existência para os antigos vikings em tempos antigos faz com que estes os idolatrem como deuses e inspirem a mitologia nórdica. E por deterem tanto poder, as intrigas de tais personagens se refletem em todo o universo. O que invariavelmente atingirá a Terra.

O filme narra a saga de Odin, o Pai de Todos e Rei de Asgard, e seus dois filhos Thor e Loki. Thor, o deus do trovão, está prestes a ser coroado por seu pai como novo rei. Porém, a cerimônia é interrompida por um inesperado ataque dos Gigantes do Gelo, uma raça de criaturas com quem Asgard mantém um acordo de paz. Odin resolve rapidamente a situação. Mas Thor encara tal ousadia como uma ação que deve ser punida com sangue.

Intempestivo, Thor reúne seus companheiros de batalha e provoca uma grave quebra ao acordo de paz com os Gigantes do Gelo. Vendo que seu arrogante filho não está pronto para ser rei, Odin bane Thor de Asgard para viver na Terra sem seus poderes. Assim, a história começa com o deus do trovão (agora mortal) em busca de sua redenção. Entrementes, Loki, o deus da trapaça, encontra nesse contexto, a oportunidade perfeita para tomar o controle de Asgard e livrar-se de seu poderoso irmão que está exilado na Terra.

Após assistir ao filme, entro para o grupo dos que defendem que este seja o melhor filme baseado nos personagens da Marvel feitos até aqui. Os filmes do Homem de Ferro são muito divertidos e apresentam cenas empolgantes. Mas o roteiro não apresenta inovações. Grande parte do sucesso desses filmes dependeram (e muito!) da atuação superlativa Robert Downey Jr. no papel principal. Tire-o dali e os filmes não se sustentam da mesma forma nem de longe. Já o Hulk se resume basicamente a uma criatura monstruosa criado em computação gráfica esmurrando e destruindo tudo que aparece em seu caminho. Não revela-se muito interessante na tela grande (apesar de eu ter gostado bastante do filme de Ang Lee de 2003).

Entretanto, Thor não depende exclusivamente de efeitos especiais ou de um ou dois atores com boas atuações. O filme todo funciona por uma série de fatores. O que para uma superprodução dessa escala deveria ser um processo natural.


A magnífica Asgard cinematográfica
A magnífica Asgard cinematográfica se revela como um reino muito avançado que mescla magia com ciência. Algo além de nossa compreensão, mas funcional. Quando escurece e olhamos para o céu, Asgard se revela como uma das estrelas mais brilhantes do céu. Simples e singelo assim.

Aliás, muitos detalhes do filme são apresentados desta forma. Apesar de fantásticos, são tão verdadeiros para os personagens que acabamos embarcando na mentira. Como diz Thor, "antigamente a humanidade acreditava em magia. Hoje chamam essa magia de ciência. De onde venho, ciência e magia são a mesma coisa". Muitos personagens também possuem um apelo um pouco infantil que os tornam cativantes. Vide a cena em que Thor é encontrado por seus amigos de Asgard na Terra.

Vale destacar também a ótima seleção de elenco. Não há nenhuma ator que destoe dos demais. Anthony Hopkins é Odin e ficá-lo elogiando é chover no molhado. Não dá pra imaginar outra pessoa em seu lugar. Chris Hemsworth encarna muito bem um deus em busca de humildade. Mas quem assistiu ao filme há de concordar comigo que Tom Hiddleston é que faz um trabalho deveras surpreendente como Loki. Ele não é simplesmente um vilão ou irmão invejoso. Suas ações tem raízes bem mais profundas que vão desde a descoberta sobre suas origens até o tratamente que sempre recebeu de seu pai desde a infância.

Outro ponto interessante é o reflexo da personalidade dos personagens nas batalhas. Enquanto, Thor é pura força bruta lançando seu martelo Mjolnir contra os adversários sem dó nem piedade, Loki é mais esguio enganado os inimigos com ilusões e os surpreendendo-os covardemente pelas costas.

Só não entendi o excesso da utilização do ângulo holândes (aquela técnica cinematográfica que desequilibra a linha do horizonte para causar a sensação de deslocamento). Ela funciona muito bem nas cenas em que Loki manda e desmanda em Asgard, mas não se justifica nas cenas na Terra.

Também é muito criticado o fato de Thor ter mudado em pouco tempo durante o filme (a história se passa em poucos dias), mas levando em conta tudo o que personagem passou em tão pouco tempo e assistir a uma cena tão bem dirigida como a do combate contra o Destruidor (confundido com uma das armaduras do Tony Stark pelos agentes da S.H.I.E.L.D.) cujo final é simplesmente espetacular, só nos resta deixar esse detalhe de lado e acreditar no deus do trovão.

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